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Júri popular absolve ex-GCM acusado de matar menino de 11 anos com tiro na cabeça durante perseguição em 2016 em SP

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Caio Muratori foi julgado e inocentado nesta terça (5) pelo assassinato de Waldik Chagas. Ele respondia ao crime em liberdade. Réu era guarda-civil metropolitano quando atirou contra o carro furtado no qual criança e dois adolescentes estavam. Acusado alegou legítima defesa.

Um júri popular inocentou nesta terça-feira (5) o ex-guarda-civil metropolitano Caio Muratori, acusado de matar com um tiro na cabeça o menino Waldik Gabriel Silva Chagas, o Biel, de 11 anos, durante perseguição a um carro furtado. O crime ocorreu em 26 de junho de 2016, em Guaianazes, na Zona Leste da capital.

O julgamento ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste. Após a maioria dos jurados votar pela inocência do réu, o juiz Jair Antonio Pena Júnior, da 1ª Vara do Júri, deu a sentença de absolvição. Caio já respondia ao crime em liberdade.

O caso teve repercussão à época porque a criança e dois adolescentes, de 12 e 14 anos, acusados de furtar o Chevette, não estavam armados, segundo o Ministério Público (MP). Mas mesmo assim, Caio, que era agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM), atirou quatro vezes contra o veículo. Além dele, outros dois guardas estavam na viatura, mas não atiraram.

Segundo Caio, ele atirou nos pneus do Chevette porque a viatura da GCM havia sido recebida por três tiros pelos ocupantes do automóvel furtado. Mas um dos disparos feitos pelo então guarda perfurou o vidro traseiro do carro e atingiu a nuca de Waldik, que estava no banco de trás. A viatura ainda bateu em outro veículo, enquanto os dois adolescentes fugiram do Chevette e foram encontrados depois.

O que diz o réu

Na época, o guarda foi preso em flagrante pela Polícia Civil pelo assassinato de Waldik, mas como pagou fiança, acabou solto. Ainda em 2016 a GCM demitiu o funcionário por causa de seu envolvimento no caso.

O g1 não conseguiu localizar o réu para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

Seu advogado, Renato Soares do Nascimento, defendeu a tese de que seu cliente atirou em legítima defesa para revidar os disparos feitos pelos ladrões.

“As provas periciais demonstram que o veículo sofreu disparos de arma de fogo dos indivíduos que furtaram o Chevette. Ademais, foi constatado pelo Instituto de Criminalística que foram efetuados disparos de dentro do automóvel furtado, o que demonstrou de forma inequívoca que os disparos efetuados pelo guarda foram em legítima defesa”, disse Renato.
Apesar disso, nenhuma arma foi encontrada com os suspeitos e laudos periciais e depoimentos de testemunhas demonstraram que os ladrões não atiraram contra a viatura da GCM.

‘Não houve confronto’

Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, que acompanhou o caso desde o início, Waldik estava no banco de trás do carro quando foi atingido por um dos disparos feitos pelo então GCM. Nos bancos dianteiros estavam outros dois adolescentes: um carona e o que dirigia o veículo furtado.

“O disparo atingiu a cabeça do menino. Não houve confronto. As investigações do DHPP [Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa] comprovaram que os dois adolescentes e a criança de 11 anos não reagiram. Não houve nenhuma troca de tiros. O único que efetuou disparos foi o guarda”, falou Ariel.
O menino baleado ainda foi socorrido ferido e levado na viatura da GCM até um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Laudo e depoimentos

O laudo necroscópico comprovou que o tiro que matou Waldik saiu da arma de Caio. Durante a audiência do caso, ele chegou a dizer que viu um clarão no interior do Chevette furtado e atirou porque “julgou ser disparo de arma de fogo”. Mas na mesma audiência falou depois que revidou atirando depois que “o passageiro do banco dianteiro, durante a perseguição, efetuou ao menos três disparos em direção da viatura da GCM”.

Além do depoimento contraditório de Caio, os outros guardas-civis que estavam com ele na viatura não confirmaram a versão do colega de que os ladrões do carro atiraram, dizendo não ter certeza disso. Outro ponto que contradiz o então GCM é o fato de que a janela do carona estava fechada porque a maçaneta havia sido quebrada. Os próprios donos do veículo confirmaram essa informação, dizendo que o carro já estava com o problema antes do furto, e o vidro da janela não abria.

Segundo a Prefeitura de São Paulo , Caio foi demitido da GCM ainda em 2016 em razão do seu envolvimento na morte de Waldik,

 

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