• dom. jun 8th, 2025

    TCE do Piauí altera regras e aumenta benefícios para autoridades

    ByReporter sp

    dez 14, 2024
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    O Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) flexibilizou normas internas para facilitar a venda de folgas a conselheiros e procuradores, gerando um impacto financeiro de R$ 7,1 milhões nos contracheques do órgão, incluindo pagamentos a aposentados. A medida, que vigorou retroativamente desde 2023, beneficiou autoridades como a conselheira Rejane Dias, esposa do ministro do Desenvolvimento, Wellington Dias, e ex-deputada federal.

    Pagamentos detalhados

    Em 2024, o TCE-PI pagou a seguinte quantia em valores acumulados pela venda de folgas:

    NomeCargoValor Recebido (R$)
    Abelardo Pio Vilanova E SilvaConselheiro481 mil
    Jackson Nobre VerasConselheiro481 mil
    Joaquim Kennedy Nogueira BarrosConselheiro481 mil
    José Araújo Pinheiro JúniorProcurador481 mil
    Waltânia Maria Nogueira de Sousa Leal AlvarengaConselheira481 mil
    Jaylson Fabianh Lopes CampeloConselheiro Substituto477 mil
    Plínio Valente Ramos NetoProcurador-Geral464 mil
    Raíssa Maria Rezende de Deus BarbosaProcuradora464 mil
    Delano Carneiro da Cunha CâmaraConselheiro Substituto463 mil
    Kleber Dantas EulálioConselheiro450 mil
    Leandro Maciel do NascimentoProcurador447 mil
    Lilian de Almeida Veloso Nunes MartinsConselheira434 mil
    Márcio André Madeira de VasconcelosProcurador434 mil
    Alisson Felipe de AraújoConselheiro Substituto422 mil
    Flora Izabel Nobre RodriguesConselheira334 mil
    Rejane Ribeiro Sousa DiasConselheira210 mil
    Olavo Rebelo de Carvalho FilhoConselheiro aposentado118 mil
    Luciano Nunes SantosConselheiro aposentado58 mil

    Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Piauí / *Valores pagos em 2023 e 2024 incluem gastos retroativos a 2021

    Mudanças nas regras e aumento de pagamentos

    Em outubro de 2023, o TCE-PI reduziu de 300 para 220 o número de processos anuais necessários para justificar o benefício. Além disso, ampliou a possibilidade de acumular cargos que dão direito à “licença compensatória”. O benefício permite até dez dias de folga mensais ou sua conversão em dinheiro, pagos sem incidência de Imposto de Renda.

    Em 2024, cinco autoridades receberam R$ 306 mil pela venda de folgas, o equivalente a oito salários brutos adicionais. Conselheiros e procuradores têm remuneração-base de R$ 39 mil mensais, enquanto os substitutos recebem R$ 37 mil. Esses valores, somados aos penduricalhos, superam o teto constitucional de R$ 44 mil.

    Pagamentos retroativos e ajustes nas normas

    As mudanças também possibilitaram pagamentos retroativos desde 2015. Apenas em 2024, dois conselheiros aposentados receberam R$ 176 mil. A regra de sobrecarga para justificar folgas passou de um dia a cada seis trabalhados para um a cada três, com a justificativa de equiparação a outros tribunais.

    Transparência questionada

    Por mais de um ano, o portal de transparência do TCE-PI ocultou os valores individualizados recebidos pelas autoridades, divulgando apenas despesas globais. Após questionamento da imprensa, os dados foram atualizados.

    O tribunal justificou os pagamentos com base em legislações federais e estaduais, bem como atos normativos do CNJ, CNMP e outros órgãos. Apesar disso, especialistas como Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas, criticam a violação do teto constitucional e apontam a necessidade de punições para evitar abusos.

    Impactos e debates

    As alterações no TCE-PI refletem uma prática crescente em tribunais de contas e outros órgãos públicos, mas levantam questionamentos sobre transparência e uso de recursos públicos. O caso acendeu o debate sobre os limites legais para benefícios a autoridades e o papel das cortes de contas na defesa do interesse público.

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