• qui. set 19th, 2024

Um dos 100 primeiros réus por atos golpistas é ex-síndico de prédio na Grande SP, coleciona confusões por WhatsApp e ameaçou vizinho de morte após eleição de 2022

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Registros policiais apontam que Aécio Lucio Costa Pereira chamou pessoas de ‘bruxa velha’, ‘fuxiqueira’, ‘mentirosa’, além de desentendimentos por causa de pombos e divergência política. Ele era funcionário da Sabesp e foi demitido após a divulgação do vídeo em que aparece invadindo o Congresso. Defesa afirma que, desde então, ele passou a viver de doações.

Como síndico de um prédio em Diadema, na Grande São Paulo, Aécio Lucio Costa Pereira, um 100 primeiros réus por atos golpistas em 8 de janeiro, coleciona confusões por WhatsApp, xingamento e boletins de ocorrência de moradores contra ele.

Aécio foi funcionário da Sabesp desde 2014. Em 11 de janeiro, foi demitido por justa causa, após a divulgação do vídeo em que aparece invadindo o Congresso e participando dos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele era técnico em sistemas de saneamento na companhia.

Segundo sua defesa, após a prisão do golpista, a família dele está vivendo de doações.

No vídeo, ele aparece usando uma camiseta com uma estampa pedindo “intervenção militar federal” e diz: “Amigos da Sabesp: quem não acreditou, estamos aqui. Olha onde eu estou: na mesa do presidente. Vai dar certo, não desistam. Saiam às ruas”.

À Justiça, a defesa dele alega que Aécio “é réu primário, sem antecedentes criminais, possui residência fixa, trabalhou há mais de 25 anos na mesma empresa”.

“Aécio é um homem trabalhador, pai de família e honesto, tem esposa e filhos, um de 8 anos de idade e outro de 17 anos, sendo este o único provedor de sua casa”, segue a defesa.

Eles também dizem não ser possível identificar Aécio em nenhum ato de depredação ou vandalismo do patrimônio público e afirmam que ele não estava com armas.

Confusões com moradores
Ao menos desde 2017 há registros de discussões entre o ex-síndico e moradores que foram parar na delegacia. Ele foi reeleito por três mandatos e substituído após a prisão em janeiro.

Em junho de 2017, uma mulher de 57 anos, ex-conselheira do condomínio, afirmou ter sofrido injúria por parte de Aécio. À polícia, ela contou que o ajudou a se mudar para o prédio e a tornar-se síndico.

A ex-conselheira teve o braço segurado por ele, que teria tentado dar tapas em sua boca, mas foi empurrado.

“Afirma que ele sempre que a encontra no condomínio a xinga de ‘bruxa’, ‘louca’, ‘bruxa velha’ e, pelo fato dele estar chegando cada vez mais próximo, isso deixa a declarante com muito medo do que ele possa fazer.”
A mesma vítima registrou furto de celular no ano seguinte. Na ocasião, Aécio teria pego o aparelho dela durante uma discussão e não devolvido até a data do registro.

‘Diretorinha de escola mentirosa’
Mais um boletim de injúria, calúnia, difamação e perturbação da tranquilidade foi feito em fevereiro de 2018, e o caso, em novembro de 2017.

Uma professora de então 49 anos procurou a polícia para dizer que era moradora do prédio e o síndico mandava e-mail escrevendo “diretorinha de escola mentirosa”, entre outros xingamentos.

Segundo o boletim de ocorrência, o síndico disse para a professora e outras mulheres que “viu as vítimas indo juntas ao Fórum e que tirou fotos delas”. Ele teria alegado que elas adulteraram a ata do condomínio. Em um dos e-mails, o síndico alegou que “gosta de bater em doentes, não se referindo a quem”, ainda conforme o registro.

Em 2018, outra professora de 50 anos comunicou ameaça e injúria. Em maio daquele ano, por volta das 19h20, a vítima estava dormindo quando o então síndico teria enviado uma mensagem pelo WhatsApp: “Sua fuxiqueira, biscate, crente safada. Você vai ter o que procura! Você não sabe com quem mexeu”, relata no documento.

A mulher, que morava sozinha, ficou nervosa, não conseguiu dormir e chamou um conhecido para ficar com ela.

“O averiguado enviou os xingamentos depois que houve um desentendimento por causa de pombos que existem no prédio. A vítima pediu para o averiguado verificar e ele respondeu dizendo que a culpa era do vizinho da vítima e passou a dizer que as fezes dos pombos era shampoo para a vítima usar, que era para ela anotar a placa do ânus do pombo que fizesse sujeira. Contrariado, o averiguado fica agressivo, inclusive em assembleias do condomínio”, detalhou a professora à polícia.

Fios da caixa de energia
Em um boletim de ocorrência de 8 de novembro de 2022, o morador de um dos apartamentos relata ameaça por divergência política.

Depois do segundo turno das eleições, afirmou o morador à polícia, Aécio passou a enviar mensagem por WhatsApp dizendo que, se a vítima aparecesse no local, “seria morta, porque todo comunista merece morrer”.

O mesmo morador, em setembro de 2022, entrou com uma ação de danos morais contra o condomínio e o ex-síndico. Em abril daquele ano, o morador, um idoso, afirmou que tentou religar a energia elétrica do imóvel depois de um corte feito pela empresa, mas não foi possível porque os fios da caixa de força tinham sido retirados. Eram cerca de 15 metros.

O condomínio se defendeu neste mês na ação e alegou que o idoso é proprietário do imóvel há 20 anos e considerado morador “antissocial”.

Ao g1, o advogado do condomínio, Cláudio Pereira, afirmou que, com relação ao morador da situação dos fios elétricos, a ligação corria o risco de pegar fogo por ser clandestina e realmente foram tirados os fios.

Sobre as outros casos citados à polícia pelos moradores, a defesa do empreendimento não comentou, mas citou que são cerca de 80 unidades e algumas situações foram registradas com moradores específicos.

A defesa de Aécio não foi localizada até a última atualização desta reportagem.

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