Em depoimento à polícia, o condutor disse que a passageira o interpretou de forma errada. Ele alegou que a jovem estava triste e a levaria para o Morro do Paranambuco, uma rota turística de Itanhaém (SP). Ela, que tinha sido reprovada no exame para habilitação, saltou do carro ao notar a mudança de rota. O inquérito policial foi finalizado sem o indiciamento do motorista.
O motorista de aplicativo que mudou de rota e motivou uma passageira de 21 anos pular do carro em movimento após dizer que a levaria “em um lugar bonito para chorar melhor” em Itanhaém, no litoral de São Paulo, confirmou à polícia a história, mas negou que tenha falado em tom maldoso. Ao g1, nesta sexta-feira (7), a titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade, Damiana Shibata Requel, explicou que o inquérito policial foi finalizado sem indiciamento [não foram observados indícios de crime].
Durante depoimento à delegada, o motorista do aplicativo negou que tenha agido de má fé. “[Ele] confirmou que disse que levaria ela para um lugar mais bonito para que ela chorasse, mas, assim, num sentido de acalmá-la, já que ela estava chorando”.
A delegada contou que o motorista negou que tenha dito isso em um sentido libidinoso ou com a intenção de praticar qualquer ato sexual com a vítima. “[Disse] que ela teria interpretado errado”.
Ele contou, também, que o ‘lugar mais bonito’ em que levaria a passageira é o Morro do Paranambuco, uma rota turística do município. “É um ponto turístico, e ele tinha intenção de ir por aquele caminho, segundo o motorista”.
De acordo com a delegada, diligências foram realizadas durante os últimos meses com objetivo de buscar imagens de monitoramento do local e momento em que a jovem saltou do veículo. “Até para se apurar em que velocidade que [o motorista] estava e como foi essa abordagem posterior”.
As imagens, no entanto, não foram localizadas. “Existem imagens de populares acudindo ela, mas imagens dela saltando do veículo e dele retornando para falar com ela não existem. Essas imagens a gente diligência [procura] tanto da cidade, dos poderes públicos, quanto das casas que estavam no caminho, mas não foi possível”.
Inquérito no MPSP
Dessa forma, Damiana afirmou que o inquérito policial foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) decidir se irá oferecer a denúncia ou qual outra medida irá propor para o caso.
“O inquérito policial foi concluído e agora está com o Ministério Público para análise e para verificar o que será feito, se haverá denúncia ou um acordo de não persecução penal. Para a Polícia Civil já encerraram as investigações e não houve o indiciamento dele”, explicou a delegada.
Posicionamentos
Ao g1, a empresa de transporte por aplicativo 99 informou, por telefone, que o perfil do motorista, que havia sido bloqueado na época do ocorrido, permanece suspenso.
O g1 entrou em contato com o MPSP para verificar se eles irão oferecer a denúncia à Justiça, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Entenda o caso
A vítima contou ao g1 que estava no bairro Cibratel fazendo a prova de habilitação de moto em fevereiro deste ano. Ela ficou mal após ter sido reprovada no exame e chamou um motorista por aplicativo para voltar para casa. “Liguei para um amigo e estava conversando sobre isso na hora que entrei no carro. Quando desliguei, o motorista falou ‘por que você está triste, moça?'”.
A jovem respondeu que havia sido reprovada no teste de direção e o motorista perguntou se ela queria conversar sobre isso. Ela, no entanto, falou que não, que só queria ir para casa. O homem insistiu.
“Falei que não queria conversar e só queria ir para casa. Percebi que ele estava indo no sentido contrário do caminho onde moro. Começou a virar ruas que não eram [parte do caminho para casa] e, quando olhei, ele estava subindo o morro, e perguntei por que estava desviando”, contou. Segundo a jovem, ele não olhou para trás e continuou dirigindo.
“Em um tom maldoso, [falou] que estava me levando em um lugar bonito para chorar melhor. Na hora, só abri a porta e pulei [do carro]. Saí correndo e pedindo por socorro. Minha sorte foi que achei um cara com um cachorrinho. Ele [motorista] manobrou, pisou no acelerador, veio atrás de mim falando para eu voltar [para o carro]”, afirmou.