• dom. out 6th, 2024

Laudo aponta que morto em operação em Guarujá levou 7 tiros no tronco; ação não foi registrada porque câmera estava sem bateria, diz MP

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Ministério Público de SP concluiu análise das imagens das câmeras usadas pelos PMs durante Operação Escudo: em três ocorrências, houve confrontos com criminosos; em duas, gravações não captaram os momentos das supostas trocas de tiros. PM afirmou que não há imagens em 10 das 16 mortes.

Os laudos necroscópicos de 12 dos 16 mortos durante a Operação Escudo, realizada na Baixada Santista, estão prontos. Um deles é o de Felipe Vieira Nunes, que levou sete tiros disparados por agentes da Rota.

A tropa possui câmeras corporais, mas o Ministério Público informou que, neste caso específico, elas estavam sem bateria, o que descumpre as normas da própria corporação, já que o policial que sai com o equipamento precisar checar se está carregado.

Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, diz que há 10.125 câmeras corporais em uso e que planeja aumentar essa quantidade.

MP concluiu análise das imagens das câmeras
O MP-SP concluiu a análise das imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais militares durante a operação no litoral paulista. As autoridades do estado têm afirmado que todas as mortes foram de suspeitos que entraram em confronto com os policiais.

Os promotores tiveram acesso a mais de 50 horas de gravação. Com base no material, concluíram que:

Em três ocorrências, houve confrontos com criminosos;
Em duas ocorrências, as gravações não captaram os momentos das supostas trocas de tiros, mas, segundo o MP, são importantes porque revelam falhas operacionais, como câmeras descarregadas e o não acionamento do modo de gravação em alta qualidade e com som durante as incursões;
Os promotores consideram que, em uma das ocorrências, as imagens não trazem nenhuma informação relevante para a investigação.

Só foi possível analisar seis das 16 mortes por intervenção policial registradas entre os dias 28 de julho e 1º de agosto nas cidades de Santos e Guarujá. A Polícia Militar informou ao MP que não existem imagens das ações que resultaram nas outras 10 mortes, seja porque o batalhão ainda não dispõe do equipamento ou porque estavam inoperantes.

Ao todo, o Ministério Público recebeu imagens de 24 policiais.

Segundo os promotores, algumas imagens foram registradas à noite, quase sem luz, o que dificulta a visualização das ações.

Mario Luiz Sarrubbo, procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo, afirmou que “um aspecto que salta aos olhos é o tamanho dessa operação e o número muito pequeno de câmeras corporais nos policiais militares”.

“Nós estamos trocando as informações, estamos pedindo as explicações à Secretaria da Segurança Pública e tudo isso será investigado pelo Gaesp (Grupo de Atuaçao Especial em Segurança Pública) do MP-SP”, disse ele.

A análise das câmeras corporais não encerra a investigação sobre as mortes na Baixada Santista. O próximo passo será comparar as imagens com laudos e depoimentos de testemunhas e dos próprios policiais. Apenas depois de cruzar todas essas informações é que os promotores terão condições de dizer se os PMs agiram ou não dentro da lei.

“Não temos câmeras para todos os policiais militares ainda. Isso é bastante importante, porque, no planejamento da operação, nós demos grande atenção para levarmos tropas especializadas para lá para levar segurança ao cidadão na Baixada Santista. As câmeras são importantes, mas não são o principal meio de prova. O que foi considerado foi a capacidade operacional de levar essas tropas pra lá, tropas preparadas, especializadas, e que não fosse também desmontar o policiamento lá nas suas cidades de origem. Porque nós trabalhamos em todo o estado de São Paulo e temos que entregar segurança em todo o estado, sem descontinuidades”, apontou o comandante-geral da PM-SP.

“Tudo isso nos levará a conclusões que poderão até colaborar para que, no futuro, essas operações atinjam um número menor de mortes. A letalidade, 16 mortes, não é desejável”, disse Sarrubo.
Nesta terça-feira (15), mais duas mortes foram registradas no Guarujá durante a operação Escudo, depois de um delegado da Polícia Federal ter sido baleado. Com isso, sobe para 18 o número das mortes.

 

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