• qui. set 19th, 2024

Alunos de Letras da USP denunciam falta de professores; curso de Coreano corre risco de ficar sem docente

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Um dossiê elaborado pelos estudantes demonstra como o corpo docente foi reduzido no curso sem a devida reposição; as habilitações Coreano, Chinês e Armênio são únicas em universidade pública no Brasil.

Alunos da USP denunciaram a falta de professores no curso de Letras e o risco de algumas habilitações fecharem. Na habilitação em Inglês, por exemplo, o número de docentes caiu de 17, em 2014, para 10, em 2022, uma redução de 41%.

O Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários “Oswald de Andrade” elaborou um dossiê para apontar os problemas do curso:

A habilitação em Italiano contava com 13 docentes em 2014 e apenas 9, em 2022, redução de 30%.
A habilitação em Espanhol contava com 16 docentes em 2014 e 12, em 2022, redução de 25%.
A habilitação em Alemão contava com 13 docentes em 2014 e apenas 7, em 2022, redução de 46%

Os dados foram coletados a partir de documentos da própria universidade, segundo o Centro Acadêmico. O intuito, de acordo com o material, “é sistematizar, documentar e expor o nível de desmonte do maior curso da Universidade de São Paulo”.

O CAELL atribui “o desmonte à política de sucessivas reitorias e governos estaduais que atacaram a educação pública, precarizando o ensino e as condições de trabalho de docentes e funcionários”. Também cita a Portaria GR 6517 2 que demonstra que o Reitor e a ALESP/Governo de SP têm a responsabilidade de garantir a reposição do quadro docente. “Dinheiro tem, só não vai para onde deveria ir”, diz um dos estudantes.

Procurada, a universidade informou que está em contato com o chefe do Departamento de Letras Modernas e com o diretor da FFLCH para levantar as informações e precisa de um prazo maior para avaliar as denúncias.

A habilitação em Coreano atualmente conta com apenas uma professora, o que representa uma redução de 75%. Se não forem garantidas contratações, a habilitação pode fechar.

“Hoje precisamos de mais 80 professores para repor o que perdemos desde 2014 só na Letras, imagine na USP toda? Sem essas contratações, corremos o risco de cursos como o Coreano, Chinês e Japonês fecharem. O descaso do governo Paulista e da Reitoria com nosso curso está nos levando a uma situação de colapso”, disse Mandi Coelho, Diretora do CAELL (Centro Acadêmico do curso de Letras da USP), ao g1.

Nesta quinta-feira, uma audiência pública na Alesp coordenada pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) cobrou a contratação de novos docentes e funcionários. “Inconcebível e inaceitável a USP, que tem o maior orçamento da sua história (R$ 8,4 bilhões), promover o desmonte dos cursos de línguas da faculdade de letras prejudicando alunos e professores. Estou convocando o reitor para depor na Alesp e exigir que seja aberto concurso público para a contratação imediata de professores para todos os cursos”, disse ao g1.

Aluna do curso de Português e Espanhol, Leticia Proença foi aprovada em 2020 e ingressou no curso no ano seguinte. Quando as aulas presenciais voltaram, ela começou a habilitação em Espanhol com um professor temporário. No segundo semestre, o docente sinalizou que desconhecia sobre a renovação do seu contrato.

“No final do semestre, ficamos em um clima de incerteza. O professor estava estranho e nós deduzimos o óbvio”. Ele avisou: ‘Não foi renovado, próximo ano não estarei aqui e um novo docente’. Desde então, o novo docente não apareceu”, contou.

Leticia diz que a culpa não é do departamento de línguas modernas (DLM) que fez o pedido mas ficou perdido na burocracia. Leticia perdeu um semestre de língua espanhola. “Vou ter que fazer a matéria desse semestre que não tive, junto com outra. Vou acumular matérias”.

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