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53 dias em cativeiro, quarto de 3m² e pedido de resgate de R$ 10 milhões: como foi o sequestro do publicitário Washington Olivetto

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Publicitário brasileiro passou 53 dias em cativeiro entre 2001 e 2002. Mentor do sequestro processa o Brasil por mantê-lo preso 5 anos em prisão solitária.

O mentor do sequestro do publicitário Washington Olivetto em 2001, Maurício Hernandez Norambuena, está processando o Brasil por mantê-lo preso 5 anos no Regime Disciplinar Diferenciado – ou seja, a prisão solitária. A reivindicação do chileno atualmente avança para a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

O caso teve início em 2001. De acordo com o jornal “O Globo”, o sequestro foi planejado pelo grupo de Norambuena, formado por chilenos e argentinos, ao longo de dez meses.

Entre eles, membros dos grupos da esquerda chilena Frente Patriótica Manoel Rodrigues (FPMR) e Movimento Esquerda Revolucionária (MIR, na sigla em espanhol). Os réus sempre negaram a participação do grupo guerrilheiro colombiano Exército de Libertação Nacional (ELN).

O plano foi posto em ação em 11 de dezembro de 2001. Naquela noite, o carro que levava Olivetto para casa, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, passou por uma falsa blitz da Polícia Federal.

Disfarçados com coletes de agentes policiais, homens pararam o veículo, agrediram o motorista, tiraram o publicitário do automóvel e o levaram para outro carro.

O publicitário brasileiro ficou 53 dias em cativeiro. Os sequestradores queriam um resgate de R$ 10 milhões, que nunca foi pago.

Olivetto foi mantido em um quarto de um metro de largura por três metros de comprimento, sem janelas ou entrada de luz, onde tinha de fazer as necessidades em uma lata de lixo. Depois de ser libertado, ele disse que foi agredido inúmeras vezes pelos sequestradores.

Relembre o caso
O caso foi solucionado em fevereiro de 2002, quando o dono de uma chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo, desconfiou dos inquilinos e chamou a polícia. Os agentes foram até lá e prenderam seis pessoas, Norambuena entre elas. O refém, no entanto, não estava lá.

Norambuena então fez um acordo com a polícia. Uma nota no site do governo de São Paulo descreve a ação: segundo os interrogatórios, o chileno facilitou a liberação de Washington Olivetto.

O sequestrador contactou os encarregados do cativeiro de um telefone público e avisou ao grupo que estava preso. Os comparsas dele, então, abandonaram o local.

Sozinho na casa no bairro do Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, Olivetto começou a gritar por socorro. Duas vizinhas ligaram para a polícia, que chegou ao local e libertou o refém.

A história de Norambuena
Antes de participar do sequestro em São Paulo, Norambuena já era figura conhecida no Chile.

Originalmente, ele era um professor de educação física, mas depois se tornou o chefe de um grupo de guerrilheiros contrários à ditadura de Augusto Pinochet.

No entanto, mesmo depois do fim da ditadura no Chile, em 1990, Norambuena (que também atendia por Comandante Ramiro) e seus comandados seguiram cometendo crimes.

Ele foi condenado no Chile pelo assassinato de um senador e pelo sequestro de um empresário da família dona de um dos maiores jornais do país, o “El Mercúrio”. O dono do jornal ficou cinco meses no cativeiro. Esses dois crimes aconteceram em 1991.

Norambuena foi preso no Chile, mas em 1996, conseguiu escapar de um presídio de segurança máxima na cidade de Santiago – no país, essa é a “Fuga do Século”: teria sido planejada com maquetes e foi usado um helicóptero para a ação.

Depois disso, só se soube do paradeiro dele no Brasil, onde ele participou do sequestro de Washington Olivetto.

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